No ano em que se celebra o 50.º aniversário da revolução de 25 de Abril de 1974, este livro é também uma janela aberta para a politização que o jazz conheceu no final do Estado Novo – principalmente através do incidente que Charlie Haden protagonizou em 1971 durante a primeira edição do Cascais Jazz – e no Período Revolucionário em Curso (PREC).
Unanimemente considerado o «pai» do jazz em Portugal, Villas-Boas nasceu em Lisboa a 26 de Março de 1924, numa família com fortes tradições musicais. Iniciou os estudos de música aos seis anos, na Academia de Amadores de Música, em Lisboa, vindo mais tarde a frequentar o Conservatório Nacional. O seu interesse pelo jazz surgiria na adolescência e acompanhá-lo-ia ao longo da vida. Visionário, pioneiro e consensual para uns, polémico para outros, a ele se devem a criação do programa de rádio Hot Club, transmitido entre 1945 e 1969, a organização das primeiras jam-sessions, a autoria dos primeiros artigos de imprensa informados, a fundação das primeiras instituições jazzísticas nacionais – Hot Clube de Portugal, Discostudio e Luisiana Jazz Club –, e a produção dos primeiros grandes concertos: Sidney Bechet, 1955; Count Basie, 1956; Bill Coleman, 1959.
Empenhou-se na divulgação televisiva do jazz e nos primeiros esboços de internacionalização de um músico e de um grupo de jazz nacional e promoveu o encontro discográfico entre o fado de Amália Rodrigues e o jazz de Don Byas. Devemos-lhe a produção do primeiro grande festival – Cascais Jazz, 1971-1988 – bem como a angariação dos primeiros patrocínios para espectáculos.
Teve um papel decisivo na promoção do ensino, criando condições para a fundação das escolas do Hot Clube de Portugal – onde se têm formado as sucessivas gerações de músicos que mantêm vivo o jazz –, e do Luisiana. Teria ainda, juntamente com Duarte Mendonça, os seus próprios programas de jazz – Aqui Jazz (1978-1979), Jazz Magazine (1978-1979),Club de Jazz (1982-1985) e Jazz para Todos (1986).
Para celebrar o 100.º aniversário do nascimento de Luís Villas-Boas, este livro reúne uma primeira narrativa biográfica e, através de 70 entrevistas à imprensa, rádio e televisão, dá-lhe a palavra, acompanhando a evolução do seu pensamento e acção ao longo de quase 50 anos, um período que se estende de 1948, ano da fundação do Hot Clube de Portugal, até 1994, quando Villas-Boas, já septuagenário, evidenciava claros sinais da doença de Alzheimer. bem como o percurso do jazz no Portugal do século XX.
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